O escritor André de Leones indica obras essenciais a todo leitor para celebrar o Dia Mundial do Livro
Em comemoração ao Dia Mundial do Livro.
A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco, para promover a leitura mundialmente. O que melhor, para celebrar a data, do que indicar livros que todos devem ler pelo menos uma vez na vida?
Para a tarefa, o escritor André de Leones, autor de Meu Passado Nazista (Record, 2025), Vento de Queimada (Record, 2023), entre outros. Abaixo, ele indica obras que considera fundamentais para todo leitor, de clássicos como Shakespeare a um romance contemporâneo de um brasileiro.
- Trabalhos e Dias, Hesíodo (Hedra, trad.: Christian Werner)
Supondo que o distinto leitor já fez o mínimo e leu Homero e também a Teogonia, do próprio Hesíodo, podemos nos fixar neste belíssimo poema que, orientado pelos deuses, versa sobre práticas terrenas, de tal forma que o leitor possa, “tudo isso conhecendo”, trabalhar “de nada culpado contra imortais, / aves discernindo e transgressões evitando”.
- Satíricon, Petrônio (Todavia, trad.: Cláudio Aquati).
Na Roma do século I, três sujeitos vagabundeiam em meio ao caos e aos excessos de uma sociedade adoecida. Sim, é tão divertido quanto parece, até porque há coisas que só o decadentismo e o hedonismo fazem por você.
- Os Contos da Canterbury, Geoffrey Chaucer (34).
Esse passeio anedótico e divertidíssimo ajudou a fixar uma nação inteira em nosso imaginário, com todos os seus humores e contradições. Indico aqui a versão em prosa de Paulo Vizzioli, mas também há uma tradução inteiramente em versos levada a cabo por José Francisco Botelho e lançada pela Penguin/Companhia: Contos da Cantuária. O melhor é adquirir as duas. Nada supera a versão que Vizzioli nos oferece do célebre “Envoi” de Chaucer.
- Tito Andrônico, William Shakespeare (várias traduções disponíveis).
Óbvio que esta não é a melhor peça de Shakespeare, longe disso, mas sua violência desbragada e a gratuidade das ações de certo vilão parecem conversar diretamente com os tempos atuais (ou com quaisquer tempos, a propósito). E é curioso falar em vilão aqui, pois o personagem-título sabe organizar um jantar (e uma vingança) como poucos.
- Joseph Andrews, Henry Fielding (Ateliê, trad.: Roger Maioli dos Santos).
Contrapondo-se à sisudez de Samuel Richardson, o mal comportado Fielding investiu noutra vertente, ajudando a criar uma abordagem sardônica e picaresca que inspirou inúmeros autores nos séculos seguintes, do Machado de Assis de Brás Cubas ao Thomas Pynchon de Mason & Dixon. E o próprio Fielding se superou em Tom Jones, claro.
- Middlemarch, George Eliot (Record, trad.: Leonardo Fróes).
O nome real da autora era Mary Ann Evans, e Middlemarch é um romanção vitoriano (embora sua história se passe na era pré-vitoriana) de primeiríssima linha, tão bom quanto (ou até melhor) do que os esforços de gigantes como William M. Thackeray.
- Pnin, Vladimir Nabokov (Cia. das Letras, trad.: Jorio Dauster).
De novo: não é a melhor coisa que o autor escreveu (que tal Lolita, Fogo Pálido, o conto Primavera em Fialta?), mas a história desse professor imigrante e atrapalhado é um dos troços mais engraçados e agridoces que Nabokov escreveu.
Em altaCultura
- Os Cantos, Ezra Pound (Nova Fronteira, trad. José Lino Grünewald).
É sintomático que o maior livro de poemas do século 20 tenha sido escrito por um sujeito louco, fascista e antissemita. Sim, ninguém é perfeito. Pound “transcria” milênios de história e literatura aqui, além de, por vias tortas e com alguns acertos, reconstituir o descarrilhamento do Ocidente. É tapar o nariz para as imbecilidades eventuais e se deliciar com a força poética do gênio.
- Lucky Jim, Kingsley Amis (Todavia, trad.: Jorio Dauster).
Amis, pai do também romancista Martin, foi um mestre. Escrevendo de forma clara, mas sempre nuançada e inteligente (o que só acentua o humor das situações que descreve), ele sacaneou o meio acadêmico (neste Lucky Jim), o meio intelectual e, bem, quaisquer outros “meios” que você quiser.
- Associação Robert Walser Para Sósias Anônimos, Tadeu Sarmento (CEPE).
Eis a sinopse desse livro do pernambucano Sarmento: há duas narrativas paralelas, sendo a primeira sobre a associação do título (onde, por exemplo, os sósias de John Lennon e Mark David Chapman não se dão) e a outra, situada em uma localidade paraguaia chamada Nueva Königsberg, onde nazistas foragidos adotam os hábitos de Immanuel Kant. Nesse jogo de duplos e impostores, a tragicomédia que resume a nossa história.
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